quarta-feira, 7 de março de 2012

Projeto: Faz-se filmes -Arte por R$1,99, de Violeta Martinez e Gugui Martinez


O projeto Faz-se Filmes Arte por R$ 1,99 consiste em uma intervenção urbana em que um artista visual e uma cineasta confecciona artesanalmente placas de madeira com o intuito de divulgar o seu trabalho. Frases como “Arte por encomenda. R$1,...99. Tel: (75) 8222-5834”, “Arte por R$1,99 Tel: (75) 8222-5834” e “Faz-se filmes. Tel (75) 8147-3731”, foram espalhadas pela cidade de Cachoeira (Bahia). Os dois artistas montaram uma barraca no centro na cidade, vendendo seus trabalhos pelo valor de R$ 1,99. A idéia traz como referência a forma de propaganda que diversos trabalhadores, principalmente no interior da Bahia, criaram para vender diversos tipos de trabalho. Como exemplo podemos citar placas como “Conserta-se sofá” , “Dá-se Banca” ou “Vende-se geladinho”.

Remetendo a antiguidade, podemos perceber que as obras de arte eram consideradas artefatos, fabricados com um propósito. O artista possui um ofício, igualando-se aos demais trabalhadores com atividades produtivas. Fazemos parte do universo da tekné, não há diferenciação entre arte e técnica. Desta forma o projeto Arte por 1,99 encara a produção artística como um mero ofício. A proposta é comercializar e tornar a arte algo comum e acessível. O homem, não mais o artista, busca a sobrevivência através de sua praxis. O projeto remete também as lojas de R$1,99, que vende produtos populares em série por um preço baixo.

Podemos, a partir desta ação trazer a tona diversas discussões como a sobrevivência através da arte, o valor da obra de arte, a concepção do que é ser artista, a popularização e massificação do fazer artístico, e a utilidade da arte, dentre outras. O projeto Arte por 1,99, parte de diversos questionamentos, sua força está na potência da ação, em que dois trabalhadores se desarmam de todo ego artístico, exercitando o desapego de suas criações em prol de uma arte popular.

Texto de Violeta Martinez

Link da Revista Muito falando do Projeto > http://revistamuito.atarde.com.br/?p=7075